"Ainda Estou Aqui" Conquista o Oscar de Melhor Filme Internacional

Na 97ª edição do Oscar, realizada em 2 de março de 2025, o cinema brasileiro viveu um momento histórico com a vitória de "Ainda Estou Aqui" (2024) na categoria de Melhor Filme Internacional. Dirigido por Walter Salles, o longa se destacou por sua narrativa poderosa e emocionante, que conta a história real de Eunice Paiva, uma mulher que perdeu seu marido durante a ditadura militar brasileira nos anos 1970. A produção se tornou a primeira do Brasil a conquistar o prêmio, um marco para o cinema do país.

Reprodução: O globo (diretor do filme com a estatueta do oscar)

A obra foi a grande vencedora em uma categoria extremamente competitiva, superando títulos como "Emilia Pérez", que detinha 13 indicações, e "O Brutalista", com 10. "Ainda Estou Aqui", além de ser aclamado pela crítica, foi especialmente elogiado pela profundidade de sua narrativa e pela forma como trouxe à tona as memórias do regime militar brasileiro, um período de opressão e censura. A trama não apenas resgata uma história pessoal, mas também faz um retrato social das dores e traumas deixados pela ditadura.

A atriz Fernanda Torres, filha de Fernanda Montenegro, interpretou a protagonista Eunice Paiva e foi amplamente elogiada por sua atuação intensa e sensível. Sua performance, que captura a angústia e a força de uma mulher em busca de justiça, foi uma das chaves para o sucesso do filme. Durante a cerimônia do Oscar, Torres foi ovacionada, e seu trabalho ao lado de Fernanda Montenegro, que também participou do projeto, foi destacado como um exemplo de resistência e dedicação ao cinema nacional.

Durante seu discurso de agradecimento, o diretor Walter Salles dedicou o prêmio a Eunice Paiva e às atrizes, destacando o poder do cinema como ferramenta de memória e resistência. Ele também mencionou a importância de contar histórias que, muitas vezes, foram silenciadas, mas que continuam a ressoar com a luta pela liberdade e pelos direitos humanos. "Ainda Estou Aqui" não só é um testemunho pessoal, mas também uma homenagem a todas as vítimas do regime militar brasileiro, dando voz àqueles que não puderam mais falar.

Além do reconhecimento internacional, a vitória de "Ainda Estou Aqui" também abre portas para uma nova geração de cineastas brasileiros, mostrando que, apesar das dificuldades históricas, o cinema nacional tem força para se afirmar no cenário global. A conquista do Oscar é, sem dúvida, um reflexo da crescente visibilidade e respeito pelo trabalho de cineastas e artistas brasileiros no exterior.

O prêmio é uma vitória não apenas para a produção cinematográfica do Brasil, mas para a memória histórica do país, que, através da arte, continua a relembrar e a ensinar as gerações futuras sobre as injustiças do passado. Com isso, "Ainda Estou Aqui" não só conquistou um prêmio, mas também solidificou seu lugar na história do cinema mundial como uma obra essencial para a compreensão de um período crítico da história do Brasil.

Por Débora Saraiva